A procura da felicidade tem marcado e continua a marcar a história da humanidade. Apesar do seu estudo científico ser relativamente recente, a felicidade como tema de reflexão filosófica remonta até a antiga Grécia. Ryan e Deci (2001) referem que podem ser considerados dois eixos estruturantes em torno dos quais se tem realizado o estudo da felicidade. Um eixo composto pela Eudaimonia e um segundo pela Hedonia.
O Bem-Estar Eudemónico tem origem em Aristóteles e salienta a experiência de crescimento pessoal e a excelência de carácter, sendo o bem-estar considerado como consequência da realização do verdadeiro potencial de cada um (Haybron, 2000). Conceito similar pode ser encontrado no bem-estar psicológico de Ryff (1989; Ryff & Keyes, 1995).
Contrastando com a perspectiva anterior, a perspectiva Hedónica foi desenvolvida também há milhares de anos atrás e foca o sentimento subjectivo do bem-estar ou de prazer. De uma forma geral, o Hedonismo é a filosofia do prazer, a ideia de que o prazer é bom e a dor é negativa. Tem como protagonistas Aristipo (435–366 BCE) e Epicuro (342–270 BCE). Aristipo, rompendo com a tradição socrática, defendeu que o prazer sensorial era melhor do que qualquer outro, pois é mais intenso. Ao contrário de Aristipo, Epicuro preferia os prazeres de longo termo em detrimento dos prazeres imediatos, valorizando os prazeres psicológicos e dando mais atenção aos prazeres do descanso. Ele valorizou especialmente a Ataraxia, que era uma forma de alcançar a tranquilidade emocional e a felicidade através da diminuição da intensidade das paixões e dos desejos.
No século XX o estudo da Felicidade não suscitou grande interesse até ao final da década de 20 do século passado, voltando a ser esquecida a partir da 2ª guerra mundial (Seligman e Csikszentmihalyi, 2000). Somente a partir da década de 60 começaram a aparecer estudos que procuraram mensurar, desde uma perspectiva subjectiva, o bem-estar, a qualidade de vida, a satisfação, a felicidade ou aquilo que as pessoas pensavam que era a “boa vida” (Gurin, Veroff & Feld 1960; Bradburn & Caplovitz, 1965, Bradburn, 1969; Andrews & Withey, 1976; Campbell, Converse & Rodgers, 1976). Tais indicadores sociais subjectivos estariam não só intimamente associados com vários indicadores sociais “objectivos” (rendimento, o número de quartos por casa, saúde, etc.), mas também eram uma excelente forma independente de contribuir para a realização de políticas sociais.
Definição de Felicidade
De acordo com Seligman e Csikszentmihalyi (2000) o Bem-Estar Subjectivo (BES) é um termo mais científico para aquilo que as pessoas usualmente designam por Felicidade. Na perspectiva de Diener e seus colaboradores o BES pode ser considerado como um factor geral incluindo, pelo menos, três conceitos relacionados: (1) presença de afecto positivo; (2) satisfação com a vida e (3) ausência relativa de Afecto negativo (Diener, Scollon, & Lucas, 2003). O BES implica necessariamente uma apreciação subjectiva, pois baseia-se na avaliação da vida da pessoa; (2) dimensão global, pois inclui uma valoração ou juízo de todos os aspectos de sua vida; e (3) a necessária inclusão de medidas positivas, já que a sua natureza vai mais além da mera ausência de factores negativos.
Nesta perspectiva, A Felicidade será constituída por um factor cognitivo (satisfação com a vida) e outro factor emocional (diferença entre o Afecto Positivo e o Afecto Negativo).
Quer o factor cognitivo, quer o emocional podem ser modificados pela prática da meditação.
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