De acordo com um estudo realizado pelos neurocientistas do Centro de Investigação para Mentes Saudáveis da Universidade de Wisconsin-Madison, as pessoas que sofrem de inflamação crónica, como artrite reumatóide, doença inflamatória intestinal e asma - em que o stress psicológico desempenha um papel importante - podem obter benefícios das técnicas de meditação mindfulness.
Atenção Plena (Mindfulness)
A Meditação da Atenção Plena é a essência de um programa de redução de stress desenvolvido inicialmente por Jon Kabat-Zinn, na Universidade de Massachusetts. O trabalho é conhecidos pela siglas: MBSR Mindfulness Based Stress Reduction - Programa de Redução de Stress Baseado na Atenção Plena; SRP (Stress Reduction Program). No Programa de Redução de Stress, corpo e mente são mobilizados para a aprendizagem da atenção plena. O MBSR foi originalmente criado para o gestão da dor crónica e é agora utilizado amplamente para reduzir a morbilidade psicológica associada a doenças crónicas, para tratar transtornos emocionais e comportamentais (Bishop et al, 2004).
Embora o interesse na meditação como um meio de reduzir o stress tenha crescido ao longo dos anos, há pouca evidência para apoiar benefícios específicos da prática da meditação mindfulness. Este foi o primeiro estudo desenhado para controlar outros mecanismos terapêuticos, tais como a interacção social de apoio, instruções de especialistas, ou aprender novas competências.
O estudo comparou dois métodos de redução do stress: uma abordagem baseada na meditação mindfulness, e um programa concebido para melhorar a saúde de uma forma independente de mindfulness.
Usando uma ferramenta chamada Trier Social Stress para induzir stress psicológico e um creme de capsaicina (componente activo das pimentas) para produzir inflamação na pele, foram recolhidas medidas relativas aos sistemas imunológico e endócrino antes e após o treino nos dois métodos. Embora ambas as técnicas sejam comprovadamente eficazes na redução do stress, o MBSR foi mais eficaz na redução do stress induzido por inflamação.
Os resultados mostram que as intervenções comportamentais destinadas a reduzir a reactividade emocional são benéficas para as pessoas que sofrem de doenças inflamatórias crónicas. O estudo também sugere que as técnicas mindfulness pode ser mais eficazes no alívio dos sintomas inflamatórios do que as outras actividades que promovem o bem-estar.
Rosenkranz, a principal autora do estudo, enfatiza, no entanto que o MBSR não é uma cura para todos os problemas:
"Esta não é uma cura para tudo, mas o nosso estudo mostra que existem formas específicas em que a atenção plena pode ser benéfica, e que existem pessoas específicas que tendem a obter mais benefícios desta abordagem relativamente a outras intervenções."
Grupos significativos da população não beneficiam das opções de tratamento farmacêuticas disponíveis. Alguns destes pacientes sofrem de efeitos secundários negativos dos medicamentos ou simplesmente não respondem ao tratamento. Assim:
"A abordagem baseada na plena atenção para a redução do stress pode oferecer uma alternativa de baixo custo ou complementar ao tratamento padrão, e pode ser praticado facilmente pelos pacientes em suas próprias casas, sempre que eles precisam", diz Rosenkranz.
Cientistas do Centro de Investigação para Mentes Saudáveis realizam uma investigação rigorosa dos efeitos fisiológicos da meditação sobre o cérebro e o poder do cérebro para influenciar a saúde humana. Este estudo contribui para o crescente corpo de conhecimento relativo à meditação mindfulness e como ela afecta o corpo.
Co-autores do estudo: Richard J. Davidson, Donal G. MacCoon, John F. Sheridan, Ned H. Kalin and Antoine Lutz.
Referências Bibliográficas:
Bishop, S. R., Lau, M., Shapiro, S., Anderson, N., Carlson, L., Segal, Z. V., et al. (2004).
Mindfulness: A proposed operational definition. Clinical Psychology: Science and Practice, 11, 230 –241.
Melissa A. Rosenkranz, Richard J. Davidson, Donal G. MacCoon, John F. Sheridan, Ned H. Kalin, Antoine Lutz. (2013). A comparison of mindfulness-based stress reduction and an active control in modulation of neurogenic inflammation. Brain, Behavior, and Immunity, 27, 174.
DOI: 10.1016/j.bbi.2012.10.013
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