Dr. Strange, mais uma produção hollywoodesca, com as suas virtudes e defeitos, cujo excerto apresentado em baixo chama a atenção para o antigo debate sobre a relação mente-corpo - ou seja, como pode algo não material, um pensamento, uma emoção afetar o corpo material?
Este tema continua a desafiar filósofos e cientistas, o pressuposto implícito de que mente e corpo são entidades separadas.
Do 'Buda' Gautama a Plotino, de Nagarjuna até Spinoza, uma longa linhagem de pensadores através dos tempos propuseram que a mente e o corpo são duas faces da mesma moeda. No entanto, as suas preciosas contribuições foram remetidas para a filosofia ou para a religião o que, infelizmente, terá causado rejeição pelos académicos modernos. No entanto, as evidências científicas recentes de áreas tão diversas como a medicina, a psicologia social, a neurobiologia e a ciência cognitiva, demonstram claramente as vantagens da utilização das práticas de integração ‘mente-corpo’, como a meditação, o yoga, chi-kung, entre muitas outras.
Durante mais de um século, o modelo biomédico tem sido a força dominante na medicina ocidental, postulando que toda a doença é um produto de um defeito biológico, muitas vezes iniciado por um agente patogénico biológico. Este modelo é, obviamente, redutor, pretendendo explicar todas as doenças em termos biológicos. É também exclusivo, uma vez que quaisquer sintomas que não possam ser explicados em termos biológicos não são tidos em consideração. Isto levou ao dualismo corpo-mente em que "distúrbios mentais" são muitas vezes excluídos das principais preocupações da medicina ocidental, a menos que possa ser explicado por um problema somático subjacente.
No entanto, cada vez mais se preconiza um modelo caracterizado por utilizar uma abordagem holística do ser humano, permitindo contemplar não só a dimensão biológica da pessoa, mas também os seus aspetos mentais, emocionais e espirituais, juntamente com a consideração do seu ambiente social e cultural. Além disso, a otimização da saúde e a cura da pessoa estão diretamente relacionados ao que hoje é denominado de processo de crescimento e desenvolvimento humano. Trata-se então de uma abordagem salutogénica para a saúde, que incentive a promoção da mesma, concentrando-se em fatores de saúde, em vez de fatores de risco.
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