Em média, o hipocampo humano mostra diferenças estruturais entre os meditadores e os não-praticantes de meditação, bem como entre homens e mulheres. No entanto, há uma falta de investigação que explore possíveis efeitos do género sobre a anatomia do hipocampo no âmbito da meditação.
Um novo estudo publicado na revista Frontiers in Psychology recorrendo à ressonância magnética procurou estudar o impacto das práticas de meditação de longo prazo na anatomia do hipocampo. Estudos de neuroimagem que remontam a 2008 até aos dias de hoje têm demonstrado que a meditação altera a composição do hipocampo (Holzel et al., 2008; Luders et al., 2009b, 2011, 2013a,b; Murakami et al., 2012; Leung et al., 2013). Por exemplo, o hipocampo de uma pessoa que pratica a meditação é maior e tem conexões celulares internas mais densas. Os níveis de matéria cinzenta no hipocampo são também superiores em pessoas que têm uma rotina meditativa.
O hipocampo é um pequeno órgão situado dentro do lóbulo temporal central do cérebro e é uma parte importante do sistema límbico, a região que regula as emoções. O hipocampo é associado principalmente com a memória, em particular memória a longo prazo. O órgão igualmente tem um papel importante na navegação espacial.
O Estudo
Neste novo estudo os investigadores esperavam ver diferenças anatómicas entre o hipocampo de homens e mulheres experientes na pratica meditativa. Neste sentido, foram obtidos dados de ressonância magnética de alta resolução de 30 praticantes de longo prazo de meditação (15 homens / 15 mulheres) e 30 indivíduos do grupo de controlo (15 homens / 15 mulheres - Não praticam meditação) para avaliar se se manifestavam efeitos específicos no hipocampo de forma diferencial nos cérebros do sexo masculino e femininos.
Resultados
As análises mostraram que as dimensões do hipocampo eram superiores, tanto nos meditadores do sexo masculino como do sexo feminino quando comparados ao sexo e controlos pareados por idade. Ou seja, os resultados de estudos anteriores foram confirmados pela observação do hipocampo de homens e mulheres que meditam era maior e mais pesado e com mais matéria cinzenta do que os do grupo de controlo.
No entanto, os efeitos da meditação diferiram em magnitude entre homens e mulheres, lateralidade, e localização na superfície do hipocampo. A alteração na densidade nos homens, no entanto, foi "lateralizada", e afecta ambas as extremidades do hipocampo, mas com as alterações observadas no hemisfério esquerdo. Por outro lado, nas mulheres foi observado, mais especificamente, alterações no hemisfério direito do hipocampo.
Tais resultados divergentes para a variável sexo podem ser devido a diferenças genéticas (inatas) ou adquiridas entre cérebros masculinos e femininos nas áreas envolvidas na meditação e/ou sugerir que os hipocampos dos homens e das mulheres são diferencialmente receptivos às práticas de mindfulness.
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