A meditação na compaixão cultiva pensamentos benevolentes em relação a si mesmo e em relação a todos os seres. É diferente neste aspecto de outras formas de meditação, no sentido de que os participantes são "guiados" através de pensamentos compassivos. Os resultados da investigação "A Wandering Mind is a Less Caring Mind", publicada recentemente no Journal of Positive Psychology, é o primeiro estudo que demonstra que o treino formal de compaixão diminui a tendência para a mente vaguear, enquanto aumenta o comportamento cuidador, não só para com os outros, mas para consigo mesmo, disse James Doty, um co-autor do estudo, neurocirurgião em Stanford e fundador e diretor do Stanford's Center for Compassion and Altruism Research and Education.
A "Mente errante" é a incapacidade de ter os seus pensamentos num único tópico por muito tempo. Investigações anteriores sugerem que as pessoas gastam até 50% das suas horas no período de vigília na divagação mental, muitas vezes sem o perceber. Doty afirmou que Mindfulness, ou Atenção Plena, é extremamente útil no mundo de hoje, com a miríade de distracções, tornando difícil e responder às tarefas necessárias.
Ao fechar os olhos e envolver-se no treino da atenção através de uma prática de mindfulness não só diminuiu os efeitos fisiológicos negativos da distracção, que podem resultar em ansiedade e medo, mas aumenta a capacidade de atender às tarefas importantes e não ter uma resposta emocional ao diálogo, muitas vezes negativo, que é frequente em muitos indivíduos, disse Doty.
Cultivar mindfulness
Como os investigadores notaram, a compaixão é definida como uma tomada de consciência do sofrimento, pela preocupação empática, pelo desejo de ver o alívio desse sofrimento, e uma capacidade de resposta ou de prontidão para ajudar a aliviar esse sofrimento.
O estudo em questão examinou 51 adultos durante um programa de meditação compassiva, medindo vários estados da mente-errante (tópicos neutros, agradáveis e desagradáveis), e comportamentos cuidadores para si e para os outros. Os participantes participaram num programa secular de formação em meditação compassiva, desenvolvido na Universidade de Stanford, que consiste em nove sessões de duas horas com um instrutor certificado.
Eles foram incentivados a meditar pelo menos 15 minutos diariamente e se possível 30 minutos. Em vários intervalos de tempo os participantes foram convidados a responder a perguntas tais como: "está a pensar em algo diferente do que está a fazer no momento?" e "Já fez alguma coisa hoje que seja cuidador de si mesmo e, em seguida, de alguém?
Os investigadores também deram aos participantes exemplos de "comportamentos cuidadores ou bondosos" - tais como visitar pessoas num lar de idosos, ajudar uma criança com os trabalhos de casa ou em aprender algo novo, e dizer a um amigo, familiar ou colega de trabalho o quanto os valoriza.
Resultados
Os investigadores afirmaram que este estudo é o primeiro a fornecer um suporte inicial para o treino formal na compaixão, indicando que pode reduzir a divagação mental e aumentar os comportamentos cuidadores de si e dos outros. Doty observou que, por si só, a mente vaguear pode não ser necessariamente negativo. Ao contrário da divagação mental que derivou para temas negativos ou neutros, os investigadores não encontraram uma diminuição nos comportamentos cuidadores de si e dos outros quando a mente vagueava para os tópicos positivos.
Doty observou que um dos traços evolutivos da espécie humana é a capacidade de monitorizar possíveis ameaças e imediatamente concentrar a atenção sobre nessa ameaça.
"Se existirem muitas dessas ameaças ou, no caso de viver numa grande cidade com tantos estímulos, pode levar que o nosso sistema interno analise tais estímulos como ameaças e pode levar-nos à sensação de opressão, ansiedade e exaustão", afirmou ele. Doty acrescentou ainda que a divagação mental pode ser reflexo desta realidade à medida que a nossa atenção continua a ser desviada.
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