Muitas luas atrás, um certo príncipe Nepalês sentou-se debaixo de uma árvore, prometendo não se levantar até atingir a iluminação.
Depois de uma longa noite de profunda meditação, Siddhartha Gautama, mais conhecido como o Buda, viu a luz e declarou que o sofrimento é subjectivo, e pode ser reduzido através da auto-consciência.
Hoje, 2.500 anos depois, um número crescente de médicos e trabalhadores da área da saúde Americanos têm vindo a ensinar aos doentes como aplicar a via do Buda nas suas vidas.
Nos hospitais, empresas e centros comunitários em todo o país, a meditação está cada vez mais a ser oferecida como um método de redução de stress, e para ajudar os pacientes a lidar melhor com a dor física e tensão mental associado com muitas condições médicas, incluindo doença cardíaca e infecção pelo HIV.
Pesquisas recentes mostram que os efeitos calmantes da meditação podem ser detectados nas paredes arteriais e no cérebro. Uma vez considerado fora do mainstream, hoje mais seguradoras estão a custear cursos de meditação, como uma forma de medicação e como medicina preventiva.
Aprender a "desidentificar"
"Meditação é o acto da desidentificação do fluxo de pensamento interior e concentrando-se em acalmar e curar", explica Robert Thurman, Ph.D., professor de estudos Budistas Indo-Tibetana na Universidade de Columbia em Nova York e o primeiro americano a se tornar um monge Budista Tibetano. Através da meditação, os médicos ajudam os pacientes a separar-se da sua dor e ansiedade e a cultivar uma conexão entre a mente e o corpo, diz ele.
Embora existam muitos tipos de meditação, a abordagem da atenção plena, amplamente utilizada em hospitais de todo o país, concentra-se principalmente na respiração. As práticas variam, mas a idéia básica envolve sentar-se confortavelmente, com os olhos fechados, coluna recta e a atenção voltada para a respiração.
Os praticantes visam manter uma consciência calma, separada dos seus pensamentos e sensações. Através da plena atenção, dizem os especialistas, os meditadores aprendem a prestar atenção ao presente, a cultivar a clareza da mente, a equanimidade e a sabedoria.
Pequenos Milagres Mindfulness
Tudo isto pode parecer muito abstracto. A menos que, aponta Jeff Brantley, Ph.D, director do Programa de Redução de Stress baseado em Mindfulness (MBSR), no Centro Duke de Medicina Integrativa, em Durham, Carolina do Norte, seja um paciente que sofre.
"Tivemos uma paciente, uma mulher de 40 anos com cancro de mama metastático que foi inscrita no programa MBSR de 8 semanas. Na sua entrevista de saída, ela disse que antes do curso começou não passavam 5 minutos sem que ela se preocupasse com o que seria dela e da sua família jovem e agora, depois da aula, ela pode-se concentrar noutras coisas por mais de hora seguida, mesmo dias ", diz Brantley, classificando os resultados de " um pequeno milagre. "
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Um estudo piloto, publicado na edição da NeuroReport (1), por Sara Lazar, Ph.D., pesquisadora de Harvard em psicologia no Massachusetts General Hospital, em Boston, sugere a meditação activa regiões específicas do cérebro que podem influenciar o coração e a frequência da respiração. Usando uma técnica de imagem do cérebro conhecida como ressonância magnética funcional, ou fMRI, Lazar mediu as mudanças de fluxo de sangue em meditadores experientes.
Uma Ferramenta para a Transformação
Thurman afirma que a meditação é mais rica do que aportar benefícios para a saúde: É também uma ferramenta para a busca de transformação interior. Práticas de meditação no campo da saúde são seculares, no entanto.
Independentemente da religião de cada um, ele diz, os pacientes encontram uma maior consciencialização e valorização da vida.
(1) Lazar, S., Kerr, C., Wasserman, R., Gray, J., Greve, D., Treadway, M., et al. (2005). Meditation experience is associated with increased cortical thinkness. NeuroReport, 16(17), 1893- 1897.
ABC News - Ler artigo original (inglês)
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