Não está totalmente claro se a variável estilo de vida pode aumentar o tamanho dos telómeros ou retardar o seu desgaste, mas existem estudos que mostram associações entre os comportamentos de saúde ou escolhas no estilo de vida e o comprimento dos telómeros ou da telomerase, a enzima responsável da reparação dos telómeros. Tem sido mostrado, por exemplo, que o exercício físico parece estar estar associado com telómeros mais longos e maior actividade da telomerase e parece moderar o efeito do stresse no comprimento dos telómeros (Ludlow et al, 2008; Puterman et al, 2010; Werner et al, 2009). A grande variedade de comportamentos saudáveis e factores relacionados com a saúde têm sido associados com telómeros mais longos (índice de massa corporal abaixo de 25 kg/m2, não-tabagismo, dieta saudável e exercício moderado a vigoroso) (Sun et al, 2012). Por último, ser casado foi significativamente associado a um maior comprimento dos telómeros (Yen & Lung, 2012).
Há evidência de que o treino meditativo também pode afetar a telomerase. Se a prática da meditação protege os telómeros contra o envelhecimento acelerado provocado pelo stresse, seria de esperar observar telómeros mais longos em meditadores experientes. Dados de outras estudos sugerem que a meditação pode ter um efeito protetor contra o envelhecimento, incluindo um estudo que mostra a não atrofia da matéria cinzenta do cérebro relacionada com a idade (Lazar et al, 2005).
A meditação de amor-bondade (MAB) ou meditação metta é um tipo de prática meditativa que se concentra no desenvolvimento de uma intenção positiva, numa bondade altruísta e calorosa para com todas as pessoas e seres (Salzberg, 1995). Os estudos preliminares em MAB demonstraram efeitos positivos desta prática. Por exemplo, os funcionários que se inscreveram num programa de bem-estar no local de trabalho foram aleatoriamente escolhidos para aprender MAB ou foram colocados em lista de espera. Após 7 semanas, os indivíduos no programa de MAB tiveram mais emoções positivas, uma maior sensação de propósito na vida, maior percepção de apoio social e diminuição dos sintomas de doença, como dores de cabeça, congestionamento ou fraqueza (Fredrickson et al , 2008). Num estudo piloto com pacientes com dor lombar crónica seleccionados aleatoriamente para MAB ou tratamento padrão, a MAB foi associada a maiores reduções na dor, cólera e sofrimento psíquico do que o grupo de controlo (Carson et al., 2005). Todos estes dados, considerados em conjunto, sugerem que a MAB, uma prática que promove sentimentos positivos para com os outros, pode melhorar a nossa saúde em geral.
Porque os telómeros curtos estão associados com o stresse psicológico crónico, e a MAB parece diminuir o stresse, o estudo examinou o comprimento dos telómeros numa população de meditadores experientes em MAB e a hipótese de que eles teriam
telómeros mais longos do que os elementos do grupo de controlo, considerando a idade, o género e as habilitações académicas. Além disso, uma vez que a literatura sugere que o comprimento dos telómeros é maior nas mulheres (Bekaert et al., 2007; Nawrot et al., 2004), os autores decidiram também analisar o género separadamente.
Foram recrutados indivíduos com mais de 18 anos com extensa prática de MAB através de anúncios impressos e panfletos, solicitando meditadores experientes em Metta (MAB) em comunidades de meditação Vipassana e centros de retiro na Nova Inglaterra. Para participar, as pessoas tinham que ter 4 anos ou mais de prática regular de MAB, quase diariamente, e deveriam ter participado em pelo menos um retiro de meditação (não necessariamente de MAB) de 3 dias ou mais de duração. Os participantes do grupo de controlo tinham também idade igual ou superior a 18 anos de idade, mas foram obrigados a não ter experiência com qualquer meditação ou práticas de yoga (não mais de 4 aulas na vida). Os critérios de exclusão incluíram o diagnóstico actual de qualquer dos seguintes transtornos mentais, tal como definido no DSM-IV e avaliados pela Entrevista Neuropsiquiátrica Mini-International (Sheehan et al, 1998): esquizofrenia ou outras psicoses, atraso mental, transtorno de stresse , abuso de álcool ou de substâncias, depressão, distúrbios de pânico ou desordem de ansiedade generalizada. Os participantes também foram excluídos se tivessem uma séria doença médica actual, se eles tomassem medicação hormonal, como contraceptivos orais ou terapia de substituição hormonal, se tivessem doenças endócrinas, tais como doença de Addison ou doença de Cushing, se tivessem uma doença inflamatória aguda, se tivessem um diagnóstico de cancro nos últimos cinco anos ou se estivessem grávidas ou a amamentar.
Na análise estratificada por género, as mulheres meditadoras tiveram significativamente telómeros mais longos do que homens meditadores. Relatos anteriores sugerem um maior desgaste dos telómeros nos homens ao longo do tempo (Bekaert et al, 2007;. Ren et al, 2009; Unryn et al., 2005), e é possível que possa haver uma interação com fatores ambientais, como o uso de práticas meditativas ou outras diferenças nos estilos de vida. O resultado de telómeros mais longos em meditadores é consistente com trabalhos anteriores que demonstraram uma associação entre a meditação e a telomerase (Jacobs et al, 2011), e sugere a possibilidade de que a MAB poderia potencialmente ter efeitos benéficos sobre o comprimento dos telómeros, um marcador do envelhecimento celular ligado à longevidade.
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