Como neurocientista mindful e praticante de meditação há vinte e cinco anos (desde 1991), acredito que estamos actualmente a viver momentos verdadeiramente excitantes. Recentemente, a comunidade neurocientífica internacional começou a interessar-se pela meditação mindfulness, demonstrando os seus benefícios nos praticantes.
Até há relativamente pouco tempo acreditava-se que o cérebro era um órgão não-regenerável. Por outras palavras, pensava-se que as células cerebrais (neurónios) não eram dotadas da possibilidade de se regenerar ou de se adaptar após trauma ou lesão, ou mesmo de mudar ao longo das nossas vidas. No entanto, investigação recente, incluindo estudos sobre mindfulness, demonstrou precisamente o oposto – que o cérebro tem, de facto, a capacidade de se adaptar e mudar, uma característica conhecida por “neuroplasticidade”.
Diversos cientistas concluíram que práticas contemplativas, tais como mindfulness, podem alterar a estrutura do cérebro e o seu funcionamento. Usando uma técnica não-invasiva de neuroimagiologia, conhecida por ressonância magnética funcional (functional magnetic resonance imaging (fMRI), na terminologia inglesa), os neurocientistas conseguem "olhar" para dentro dos nossos cérebros, e detectar eventuais alterações de forma e função.
Vários estudos mostram que, em praticantes experientes de meditação, as regiões cerebrais que ficam activas durante a meditação são, na realidade, diferentes daquelas que são activadas em não- praticantes. De facto, a prática regular de meditação parece dar origem a alterações em áreas específicas do cérebro, essenciais para funções cognitivas tais como atenção, aprendizagem, tomada de decisão, e regulação de emoções.E a melhor notícia é que algumas destas alterações podem acontecer em apenas oito semanas – exactamente a duração do programa MBSR (Mindfulness-Based Stress Reduction, isto é, redução de stress baseada em mindfulness).
English Version
Mindfulness Meditation: Neuroscience
1. Introduction
As a mindful neuroscientist who has been meditating for twenty-five years (since 1991), I believe we are currently living truly exciting times. The international neuroscientific community has recently become interested in mindfulness meditation, and has already started showing its benefits.
Until not too long ago, the brain was believed to be a non-regenerable organ. In other words, brain cells (neurons) were thought not to have the ability to regenerate or adapt after trauma or injury, or even to change throughout the course of our lives. However, recent research, including studies on mindfulness meditation, has demonstrated precisely the opposite – that the brain has, in fact, the capacity to adapt and change, a feature known as “neuroplasticity”.
Scientists have concluded that contemplative practices, such as mindfulness meditation, may change brain structure and function. Using a non-invasive neuroimaging technique known as functional magnetic resonance imaging (fMRI), neuroscientists are able to look into our brains, and perceive eventual changes of form and function.
Several studies have shown that, in experienced meditation practitioners, brain regions that activate during meditation actually differ from those activated in non-practitioners. In fact, regular meditation practice seems to elicit changes in specific areas of the brain, which are essential for cognitive functions such as attention, learning, decision-making, and emotion regulation.And the best news is that some of these changes may happen in as little as eight weeks – exactly the duration of the MBSR (Mindfulness-Based Stress Reduction) program.
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