As perseverações cognitivas que incluem preocupação e ruminação sobre eventos passados ou futuros podem prolongar a libertação de cortisol, uma hormona do stresse, que, por sua vez, que pode contribuir para trajetos de pré-doença e prejudicar a saúde física e mental. O Treino de meditação pode aumentar o mindfulness auto-relatado, o que tem-se associado a reduções da perserverança cognitiva.
A investigação do Projeto Shamatha, da Universidade da Califórnia, em Davis, sugere que focar no presente, ao contrário de deixar a mente vaguear, pode ajudar a diminuir os níveis do cortisol.
A capacidade de concentrar recursos mentais na experiência imediata é um aspecto de mindfulness (atenção plena), e que pode ser melhorada através do treino meditativo.
Este é o primeiro estudo a mostrar uma relação direta entre o cortisol, avaliado em situação de descanso, e pontuações numa escala de mindfulnessafirmou Tonya Jacobs, uma investigadora de pós-doutoramento na UC Davis Center for Mind and Brain e primeira autora de um artigo, publicado na revista Health Psychology.
Altos níveis de cortisol, uma hormona produzida pelas glândulas adrenais, estão associados com o stresse físico e/ou emocional. A libertação prolongada desta hormona contribui para efeitos adversos sobre uma série de sistemas fisiológicos e psicológicos.
O Projeto Shamatha, um estudo global de longo prazo com grupos-controlo pretende avaliar os efeitos do treino de meditação sobre a mente e o corpo.
Liderados por Clifford Saron, investigador associado ao Centro de UC Davis Center for Mind and Brain, o Projeto Shamatha tem chamado a atenção de cientistas e estudiosos budistas, incluindo o Dalai Lama, que aprovou o projeto.
No novo estudo, Jacobs, Saron e colaboradores usaram um questionário para medir aspectos de mindfulness entre um grupo de voluntários antes e depois de um retiro intensivo de meditação de três meses. Eles também mediram os níveis de cortisol na saliva dos voluntários.
Durante o retiro, o académico Budista e professor B. Alan Wallace, do Santa Barbara Institute for Consciousness Studies, treinou os participantes em competências atencionais, como por exemplo mindfulness na respiração, observar os eventos mentais, e observar a natureza da consciência. Os participantes também cultivaram estados mentais benevolentes, incluindo bondade, compaixão, alegria empática e equanimidade.
Resultados
A nível individual, verificou-se uma correlação entre uma alta pontuação em mindfulness e menores níveis de cortisol, tanto antes como depois do retiro. As pessoas cuja pontuação de mindfulness aumentou após o retiro apresentaram uma diminuição no cortisol.
"Quanto mais uma pessoa relatou ter direccionado os seus recursos cognitivos para a experiência sensorial imediata e para as tarefas no momento presente, menor o cortisol em situação de descanso", disse Jacobs.
A investigação não apresentou uma causalidade direta (causa-efeito), Jacobs enfatizou. Ela observou que este efeito poderia ser nos dois sentidos – níveis reduzidos de cortisol podem levar a um estado mais profundo de mindfulness, ou ao contrário. As pontuações no questionário de mindfulness aumentaram da pré para a avaliação pós retiro, enquanto os níveis de cortisol, em geral, não se alteraram.
Segundo Jacobs, o treino da mente na concentração na experiência imediata pode reduzir a propensão a ruminar sobre o passado ou a preocupar-se com o futuro, os processos de pensamento que têm sido associadas à libertação de cortisol.
"A ideia de que podemos treinar as nossas mentes de uma forma que promove hábitos mentais saudáveis e que esses hábitos podem ter um impacto nas relações mente-corpo não é nova, tem já milhares de anos em várias culturas e ideologias", disse Jacobs. "No entanto, essa ideia está apenas a ser integrada na medicina/psicologia ocidental à medida que a evidência objetiva se acumula. Felizmente, estudos como este contribuem para esse esforço."
Saron notou que neste estudo os autores usaram o termo "mindfulness" para se referirem a comportamentos que estão presentes num questionário de mindfulness particular, que foi a medida utilizada no estudo.
"O questionário avaliou a propensão dos participantes a largarem os pensamentos angustiantes e a atender a diferentes domínios sensoriais, tarefas diárias, e aos conteúdos atuais das suas mentes. No entanto, esta escala, pode refletir apenas um subconjunto de qualidades que compõem a qualidade mais elevada de mindfulness, tal como é concebida em várias tradições contemplativas", disse.
Estudos anteriores do Projeto Shamatha têm demonstrado que um retiro de meditação tem efeitos positivos sobre a percepção visual, atenção prolongada, bem-estar sócio-emocional , abrandamento da atividade cerebral e da atividade da telomerase, uma enzima importante para a saúde a longo prazo das células do corpo.
Bibiografia
University of California Davis (UCD). (2013, March 28). Mindfulness from meditation associated with lower stress hormone.
ScienceDaily. Retrieved December 15, 2014 from www.sciencedaily.com/releases/2013/03/130328142313.htm
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