A Meditação Mindfulness pode ajudar a diminuir a sensação de dor?

Antes de receberem o treino de meditação, os indivíduos não mostraram diferenças na forma como classificaram a dor, mesmo que se concentrass...

Antes de receberem o treino de meditação, os indivíduos não mostraram diferenças na forma como classificaram a dor, mesmo que se concentrassem na sua respiração, ou não.
Mas após o treino, os participantes relataram uma diminuição de 40% na intensidade da dor entre o descanso e o foco na respiração.

A Ciência do Cérebro e a Meditação Mindfulness

E se após uma semana de prática de meditação curta pudesse mudar a maneira como o cérebro percebe a dor?

Fadel Zeidan, PhD, e os seus colaboradores da Universidade de Wake Forest e da Universidade de Marquette queriam descobrir como a meditação mindfulness afecta a recepção da dor.

Especificamente, eles centraram-se nas áreas do cérebro responsáveis pela construção da experiência de dor, como o córtex pré-frontal, o córtex cíngulado anterior, e a ínsula anterior. Este estudo está disponível em

Os investigadores realizaram exames de ressonância magnética, pedindo a 18 indivíduos para se manterem quietos numa câmara de ressonância magnética enquanto eles aplicaram uma série de estímulos neutros e dolorosos. Eles, então, pediram aos participantes para se concentrarem nas sensações da sua respiração durante a uma nova aplicação dos estímulos.

Depois de saírem da MRI, os indivíduos avaliaram a intensidade e o desconforto da dor.

Em seguida, os investigadores colocaram os participantes num treino de quatro dias de meditação mindfulness, envolvendo quatro sessões de 20 minutos cada. O treino enfatizou o reconhecimento de sensações sem lhes reagir emocionalmente.

Após o treino, os participantes passaram por todo o processo novamente - exames de ressonância magnética e estímulos de dor em duas etapas, primeiro deitados e quietos e depois a meditar activamente.

Aqui fica o que eles encontraram.

Antes de receberem o treino de meditação, os indivíduos não mostraram diferenças na maneira como eles classificaram a dor, mesmo que eles se concentrassem na sua respiração, ou não.

Mas após o treino, os participantes relataram uma diminuição de 40% na intensidade da dor entre o descanso e o foco na respiração.

Além disso, olhando para os dados da MRI – a meditação parecia reduzir o processamento relacionado com a dor.

A maior diferença foi no córtex somatosensorial primário, uma região associada com o processamento sensorial-discriminativo das informações.

Eles também encontraram uma associação entre a diminuição da magnitude da dor e a activação do córtex cíngulado anterior e o córtex insular anterior direito.

Isto é importante porque se presume que estas duas áreas desempenham um papel na avaliação de dor.

Tomados em conjunto, estes resultados, apesar da reduzida amostra do estudo, de não ser aleatório e controlado, sugerem que a meditação pode funcionar de duas maneiras: 

1. Em primeiro lugar, ao permitir que os pacientes melhorem a sua concentração em estímulos neutros, como a respiração, a meditação ajuda os pacientes a reduzir a importância dos estímulos dolorosos. 

2. Em segundo lugar, concentrando-se no momento presente e reduzindo a expectativa de eventos futuros, a meditação pode ajudar os pacientes a reduzir a antecipação da dor.

Experimente

Para ter uma breve noção do que é a meditação mindfulness, pode tentar uma meditação guiada por Sagarapriya, fundador do centro Budadharma e um dos instructores mais experientes em Portugal. Ela está disponível gratuitamente em: Prática Guiada Completa

Muitos experts e praticantes consideram que a aprendizagem e a prática de técnicas de mindfulness com um grupo é especialmente útil. O treino de Redução de Stresse Baseado em Mindfulness, desenvolvido por Jon Kabat-Zinn, da Universidade de Massachusetts Medical School, é realizado em grupo e está agora disponível no próximo curso intensivo, orientado por Andrés Martín, presidente do Instituto Espanhol, esMindfulness.

Bibliografia:

Zeidan, F., Martucci, K.T., Kraft, R.A., Gordon, N.S., McHaffie, J.G., and Coghill, R.C. (2011). Brain mechanisms supporting the modulation of pain by mindfulness meditation. The Journal of Neuroscience 31(14), 5540-5548.

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