Uma característica central de muitas religiões, a meditação, é praticada por dezenas de milhões em todo o mundo como parte de suas crenças espirituais, bem como para aliviar os problemas psicológicos, melhorar a auto-consciência e para “limpar” a mente. Pesquisas anteriores já tinham associado a meditação a mudanças positivas em muitos problemas biopsicológicos, mas pouco se sabe sobre as mudanças emocionais específicas que resultam da prática.
Um novo estudo foi desenhado para criar novas técnicas para reduzir as emoções destrutivas, melhorando o comportamento social e emocional.
O estudo foi publicado na edição na revista científica Emotion.
O estudo surgiu após conhecer o Dalai Lama
O estudo surgiu de uma reunião em 2000, entre os estudiosos budistas, cientistas comportamentais e especialistas em emoção e o Dalai Lama. O Dalai Lama e Paul Ekman, PhD, um professor emérito da UCSF e especialista mundial em emoções, ponderaram sobre o tema das emoções, levando o Dalai Lama a fazer uma pergunta: No mundo moderno, seria uma versão secular da contemplação budista relevante na redução das emoções prejudiciais?
A partir daí, Ekman e o budista e académico Alan Wallace desenvolveram um programa de treino de 42 horas, ao longo de oito semanas, integrando práticas de meditação seculares com as técnicas aprendidas com os estudos científicos da emoção. O programa integra três categorias de prática meditativa:
- Práticas de concentração, envolvendo a atenção sustentada e focada
numa experiência sensorial específica
ou a mente;
- Práticas mindfulness, envolvendo o exame do próprio corpo e
sentimentos;
- Práticas directivas destinadas a promover empatia e compaixão para com os outros.
"No estudo aleatório, controlado, os professores aprenderam a entender melhor a relação entre emoção e cognição, e a melhor reconhecer emoções nos outros, bem como os seus próprios padrões emocionais, facilitando a resolução de problemas difíceis nos seus relacionamentos. Todos os professores eram novos na meditação e todos estavam envolvidos num relacionamento íntimo. "
O teste "interação marital"
Como um teste, os professores e seus parceiros foram submetidos a uma tarefa de "interação marital", onde se avaliou pequenas mudanças na expressão facial, enquanto tentavam resolver um problema no seu relacionamento. Neste tipo de encontro, aqueles que expressam certas expressões faciais negativas são mais propensos ao divórcio, a investigação demonstrou.
Alguns dos principais movimentos faciais dos professores durante a tarefa de interação conjugal mudaram, particularmente os hostis diminuíram. Além disso, os níveis de humor deprimido caíram mais de metade. Numa avaliação de follow-up, cinco meses depois, muitas das mudanças positivas permaneceram, disseram os autores.
"Nós sabemos muito menos sobre as mudanças de longo prazo que ocorrem em resultado da meditação, especialmente quando o 'brilho' da experiência desaparece", disse Kemeny. "É importante saber que alterações são, porque essas mudanças provavelmente desempenham um papel importante nos efeitos a longo prazo da meditação sobre os sintomas e condições de saúde física e mental."
O estudo envolveu investigadores de diversas instituições, incluindo UCSF, UC Davis, e da Universidade de Stanford.
COMENTÁRIOS