O ego e o seu pedestal, o corpo, são as razões da nossa ligação às formas e da conexão do ser a formas. Devido ao ego não conseguimos conceber que algo possa existir sem que esteja intrinsecamente ligado a uma forma.
Esta é a epistemologia do ego: tudo o que és, és porque tens uma forma. Esta é a lei do sentir e compreender de todos os seres vivos. Esta epistemologia empurra-nos a construir imagens do Absoluto.
No entanto o Budismo advoga que a maior ilusão é achar que “eu sou” algo ou que algo “é meu”, agarrando-me a tudo e a todos, querendo estabilizar o que é dinâmico, gerando apego que conduz a um conjunto de emoções negativas, como por exemplo a raiva, o ódio e a cólera, e que é apenas uma tentativa de salvar esse ego ilusório, através dos mais variados mecanismos de defesa. Portanto, é característica do ego ilusório tentar atingir assim a felicidade duradoura nesta vida.
Precisamente desse ego ilusório nasce o sofrimento humano.
A grande ilusão (ignorância), segundo Buda, é pensar que se tem um ego (eu) substancial e permanente. Tudo é impermanência e insubstancialidade e o sofrimento acontece porque queremos agarrar os objetos do desejo (pessoas e coisas, especialmente o dinheiro e os amores) e parar o que é dinâmico, reter o que escorregadio.
Para o budismo, portanto, o sofrimento não existe fora de nossa própria relação intrínseca com ele.
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