O estado de flow é frequentemente descrito como das melhores experiências de vida e está relacionada com diversas consequências positivas como elevada auto-estima, sentimentos de força interior, motivação, aumento da criatividade, realização, desempenho de excelência, elevada produtividade, diminuição do stresse e ansiedade e protecção contra estados patológicos (Csikszentmihalyi & Csikzsentmihalyi, 1988; Csikszentmihalyi, 1997; Carr, 2001; Csikszentmihalyi, 2002).
De acordo com Csikszentmihalyi (1993) existe uma tendência natural para as pessoas vivenciarem experiências óptimas. Isto ocorre porque, quando o indivíduo vive uma experiência óptima, quando se envolve em tarefas desafiantes que requerem a mobilização das suas capacidades, também experiencia prazer, euforia e sente que “está a criar a sua própria vida”.
Csikszentmihalyi (1991) sugeriu que o Yoga é um dos métodos mais antigos e sistemáticos de criação da experiência óptima. Um aspeto chave do flow é que, enquanto estamos sob o seu efeito, a quase totalidade das entradas disponíveis do cérebro são dedicadas a apenas uma actividade. É por isso que a percepção do tempo muda, o desconforto passa despercebido e pensamentos negativos soltos não entram na mente. O cérebro está demasiadamente ocupado na concentração da tarefa e não valoriza todas as outras coisas.
Encontra-se aqui uma ligação óbvia entre o flow e o conceito budista de Mindfulness, ou o tipo de atenção envolvido na Meditação e no Yoga. Na verdade, Csikszentmihalyi afirma que o Hatha Yoga em particular é um dos melhores modelos para descrever o que acontece quando a energia psíquica flui ao longo de um único canal de consciência. Como ele escreve:
Talvez agora seja mais fácil entender as razões que levam milhares de pessoas em todo o mundo a passar tantas horas contorcidas em posições corporais estranhas ou a meditar: elas encontram um estado de profunda experiência óptima e portanto um forte sentido de controlo interno e de harmonia. E, de facto, o objetivo final do Yoga é atingir um estado chamado Moksha, que na filosofia Hindu, é visto como a transcendência do fenómeno de existir, de qualquer sentido de consciência do tempo, espaço e causa, ou seja, a dissolução do ser individual ou ego, e na Meditação um estado de Nirvana, que na filosofia Budista se refere a um processo muito semelhante ao descrito anteriormente.
Usando o modelo de flow para descrever práticas espirituais tais como Yoga e a Meditação pode ajudar a explicar a sua associação com a felicidade e a paz.
Boa Prática!
Quem é Csikszentmihalyi?
Referências Bibliográficas:
- Carr, A. (2001) Positive Psychology – the science of happiness and human strengths. NY: Brunner-Routledge.
- Csikszentmihalyi, Mihaly (1990). Flow: The Psychology of Optimal Experience. New York, NY: Harper and Row.
- Csikszentmihalyi, M. (1993) The Evolving Self – a psychology for the third Millenium. NY:Harper-Collins Publishers.
- Csikszentmihalyi, M. (1997) Finding Flow. NY: Basic Books.
- Csikszentmihalyi, M. (2002) Flow – The classic work on how to achieve happiness. London: Harper & Row.
- Csikszentmihalyi, M., & Csikszentmihalyi, I. (ed.).(1988) Optimal Experience – Psychological Studies of Flow
in consciousness. UK: Cambridge University Press.
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